Moradores das três comunidades carentes, Rocinha,
Vidigal e Chácara do Céu, e do asfalto veem a valorização imobiliária
ferver feito as temperaturas do verão. No Vidigal, um terreno com 10
casas, no alto do morro, está sendo vendido por R$ 1 milhão. Em São
Conrado, empreendimento recém-lançado no espaço onde ficava uma
concessionária de carros, já vendeu 90% dos apartamentos em 48h.
A
disparada dos preços é o cenário mais visível dos benefícios que a
expulsão do tráfico levou a mais de 130 mil pessoas que vivem na região.
Da janela de casa, colocada à venda no alto do Vidigal, a dona de casa
Lúcia Rodrigues Cabral, 47 anos, e filha, a estudante Isabela Cabral,
20, enumeram outros benefícios, além da oportunidade se mudar para uma
casa melhor, “perto do asfalto”: desde o dia da operação policial, em 13
de novembro de 2011, não ouvem barulho de fogos na favela.
"Os
fogos anunciavam a chegada da polícia. Isso acabou. O sonho da paz
aconteceu. Agora, planejamos mais mudanças para essa nova vida", conta
Lúcia, contemplando uma das mais belas vistas do Rio. "Vamos nos mudar,
mas, sair do Vidigal, nunca", completa a estudante.
Sem o poder do
tráfico, moradores reconquistaram, além do território, a liberdade, o
que pode ser percebido quando são analisados os números de atendimento
na UPA da Rocinha.
Comparando outubro e dezembro, há aumento de 20%
no atendimento de casos de menor gravidade após 22h, o que, segundo
médicos na unidade, não acontecia antes da pacificação.
O terreno
de R$ 1 milhão no Vidigal, segundo os corretores da MS Imobiliária,
pode render ainda mais. "O dono pensa em desmembrar as casas. Separadas,
podem render o dobro", avalia o corretor local, Jonas Barcellos.
Na
Rocinha, um imóvel pode custar até R$ 130 mil, mesmo em becos ou
vielas. "Os preços aqui no bairro, no asfalto, subiram 40%, já no dia
seguinte à ação policial. Vivemos realmente um renascimento após anos de
desvalorização", conta o presidente da Associação de
Moradores de São Conrado, José Britz.
Fila de espera: Aluguel custa R$ 2 mil por mêsA
MS Imobiliária é a única que oferece esse tipo de serviço no Vidigal. E
por lá já tem até fila de espera para quem quer alugar ou comprar um
imóvel. "Temos 18 casas disponíveis e uma fila de 14 pessoas que querem
comprar uma casa e mais 34 pessoas dispostas a alugar. Mas, para
locação, só temos notícia de um apartamento", explica o corretor Marcos
Vinícius Rocha.
Para alugar o apartamento disponível, o futuro
inquilino terá que desembolsar quase R$ 2 mil por mês. Já na Rocinha,
quem procura aluguel vai precisar de mais sorte. Por lá, segundo
corretores de três imobiliárias da comunidade, não há mais casas.
"Temos
fila de espera por aqui também e há uma dificuldade grande em encontrar
imóveis para a locação. Por aqui, os imóveis já haviam sido valorizados
com as obras do PAC. Agora, aumentou mais", explica o corretor Fábio
Ricardo, da Rocinha.
InvestimentosNa
expectativa por mais melhorias, os moradores da Rocinha aguardam, agora,
a nova fase do PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento, que terá
um total de investimento de R$ 700 milhões. As obras de complementação
do PAC 1 da favela, que estão paradas, também devem ser retomadas, para a
construção, por exemplo,do plano inclinado com três estações, ligando o
acesso principal, na Autoestrada Lagoa-Barra, ao Túnel Zuzu Angel.
A
Rocinha também vai ganhar um mercado público com três andares, 49 lojas
e praça de alimentação no Largo do Boiadeiro. Já no Vidigal, a
esperança é que a comunidade também receba intervenções do PAC, o que
ainda não está previsto.
Moradores da região também comemoram a
primeira festa de Réveillon na Praia de São Conrado, como antecipou dia
2. As atrações ainda não foram definidas pela prefeitura. "Torcemos
ainda pela construção do teleférico ligando a Rocinha ao Vidigal", diz o
corretor Jonas Barcellos, ex-presidente da Associação de Moradores do
Vidigal.
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Da Redação, original O Dia.
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Matéria veiculada em: 06/02/2012
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