segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

DESENHO DE ARQUITETURA PARTE 2

Continuação...

4. LETRAS DE MÃO

4.1. Uso
Na década de 60, quando os desenhos de arquitetura passaram a ser feitos a lápis em papel "Albanene", foi introduzida nas normas de desenho dos escritórios de arquitetura do Rio de Janeiro, inicialmente pelo escritório de Henrique Mindlin, um tipo de "letra de mão", que praticamente aposentou os normógrafos. Ela se difundiu por todos os demais e passou a ser chamada de "Letra de Arquiteto". O domínio dessa "letra" era um pré-requisito para o estudante de arquitetura que queria estagiar nos escritórios. É composta por caracteres próprios, que apresentam pequenas inclinações em elementos que os compõem, determinando assim a sua personalidade. São utilizadas na transmissão das informações contidas nos desenhos, sob forma de textos ou números. Normalmente elas aparecem nos desenhos, entre "linhas guia", em três dimensões: 2mm (dois milímetros) para locais onde o espaço para a escrita seja bastante restrito; 3mm (três milímetros) a mais utilizada; e 5mm para títulos, designações ou qualquer outro texto ou número que necessite de destaque. São representadas sempre em "caixa alta" (letras maiúsculas), como veremos abaixo. No "AUTOCAD", a fonte que possui características semelhantes é a "CITYBLUEPRINT".

4.2. Os elementos
As letras e o
s números:

 
4.3. Exemplos


4. 4. Exercício de "Letra de mão à lápis"
Mídia: papel manteiga, formato "A4" (21X29,7cm);
Apresentação: prancha emoldurada por margem de 1cm, sentido vertical;
Áreas de trabalho: trecho interno entre margens, dividido verticalmente em três partes iguais;
Técnica:
- no terço superior, entre linhas guia de 2mm, afastadas entre si 2mm, preencher sequencialmente com letras e números de 2mm;
- no terço médio, entre linhas guia de 3mm, afastadas entre si 2mm, preencher sequencialmente com letras e números de 3mm; e
- no terço inferior, entre linhas guia de 5mm, afastadas entre si 2mm, preencher sequencialmente com letras e números de 5mm.

5. PLANTAS, CORTES E ELEVAÇÕES

5.1. Uso
Como já vimos anteriormente, diversos documentos compõem um Projeto de Arquitetura, entre eles as plantas, os cortes e as elevações ou fachadas. Neles encontramos informações sob forma de desenhos, que são fundamentais para a perfeita compreensão de um volume criado com suas compartimentações. Nas plantas, visualizamos o que acontece nos planos horizontais, enquanto nos cortes e elevações o que acontece nos planos verticais. Assim, com o cruzamento das informações contidas nesses documentos, o volume poderá ser construído. Para isso, devemos neles encontrar indicadas as dimensões, designações, áreas, pés direitos, níveis etc. As linhas devem estar bem diferenciadas, em função de suas propriedades (linhas em corte ou vista) e os textos claros e corretos.


5. 2. Os elementos
Planta Baixa - onde são indicadas as dimensões horizontais. Este desenho é basicamente voltado para a execução. Contém todos os elementos de projeto fundamentais para a obra. É o resultado da interseção de um plano horizontal com o volume arquitetônico. Consideramos para efeito de desenho, que este plano encontra-se a 1,50m de altura do piso do pavimento que está sendo desenhado, e o sentido de observação é sempre em direção ao piso (de cima para baixo). Então, tudo que é cortado por este plano deve ser desenhado com linhas fortes (grossas e escuras) e o que está abaixo deve ser desenhado em vista, com linhas médias (finas e escuras). Sempre considerando a diferença de níveis existentes, o que provoca uma diferenciação entre as linhas médias que representam os desníveis. Assim, a linha da soleira é mais fina que as do peitoril. Normalmente esses desenhos são identificados como: Planta baixa do primeiro pavimento, Planta baixa da cozinha, Planta baixa do hall dos elevadores, etc. Plantas Estes desenhos não necessáriamente são voltados para a obra. Quando desenhamos uma planta, o plano horizontal não precisa estar a 1,50m do piso como na planta baixa. No caso de uma planta de situação por exemplo consideramos como se estivessemos fazendo o desenho de uma vista aérea do terreno onde se encontra um prédio, assim podemos indicar o seu posicionamento. Uma planta de paginação de piso representa uma vista aérea do trecho da edificação que receberá determinado acabamento de piso (cerâmica, pedra, etc), assim mostraremos seu arranjo. Numa planta de cobertura, a vista aérea de um telhado, e assim por diante. As linhas deverão estar sempre caracterizadas.
Cortes - onde são indicadas as dimensões verticais. Pode ser Geral ou Parcial. Neles encontramos o resultado da interseção do plano vertical com o volume. A posição do plano de corte depende do interesse de visualização. Recomendamos sempre passa-lo pelas áreas molhadas (banheiro e cozinha), pelas escadas e poço dos elevadores. Podem sofrer desvios, sempre dentro do mesmo compartimento, para possibilitar a apresentação de informações mais pertinentes. Podem ser Transversais (plano de corte na menor dimensão do prédio) ou Longitudinais (na maior dimensão). O sentido de observação depende do interesse de visualização. Os cortes devem sempre estar indicados nas plantas para possibilitar sua visualização e interpretação.
Elevações ou Fachadas - podem aparecer dimensões verticais e horizontais. É o desenho das projeções verticais e horizontais das arestas visíveis do volume projetado, sobre um plano vertical, localizado fora do elemento arquitetônico. Nelas aparecem os vãos de janelas, portas, elementos de fachada, telhados assim como todos os outros visíveis de fora da edificação.


5.3. Outros
As perspectivas e as maquetes são também de extrema importância para a visualização e compreensão de um projeto arquitetônico. Nelas temos a visualização da terceira dimensão, o que não ocorre nas plantas, cortes e fachadas já que são desenhos em 2D.


6. PLANTA HUMANIZADA

6.1. Uso
É o principal desenho voltado para a compreensão do projeto pelo leigo. Normalmente o cliente é desconhecedor da linguagem arquitetônica, portanto sem condições de visualizar perfeitamente as plantas baixas voltadas para a construção. As plantas humanizadas o ajudam a perceber as propostas de arranjos (lay-outs) para os ambientes, e também suas proporções, já que os espaços deverão estar equipados com o máximo de elementos possíveis (camas, cadeiras, mesas, objetos, cortinas, etc.), de forma a facilitar sua compreensão. É importante que ele possa perceber as dimensões dos espaços, o que ocorre quando percebe a escala dos equipamentos colocados no interior. O desenho base, a planta, deverá estar perfeitamente desenhada, com os traços fortes e médios bem caracterizados. É também um desenho que necessita um pouco de arte, já que será necessário desenhar os equipamentos de forma clara e o mais próximo possível do real. "Quando na planta, olharmos para um ambiente que seja um quarto, deveremos ter a leitura perfeita do espaço em função dos equipamentos e mobiliário nele desenhado". Idem para os demais, podendo até chegar ao ponto de desenharmos alguns detalhes como pisos, tapetes, talheres, copos, garrafas, eletro-eletrônicos e elementos de decoração. Estes desenhos, em conjunto com as perspectivas, são também responsáveis pela venda do projeto, já que retratam os espaços projetados.


6.2. Técnicas de desenho
O desenho do mobiliário e demais peças fica a critério de cada arquiteto. Muitos desenham esses elementos com instrumentos (régua e esquadros) outros à mão livre. O importante é que sua visualização seja clara e direta. Procurar sempre definir bem o caráter de cada compartimento, mobiliando com as peças correspondentes e apresentando um lay-out que atenda as necessidades. Os banheiros e cozinhas deverão estar equipados e se possível com os pisos paginados. Os pisos poderão aparecer também nos demais ambientes, caso tenham juntas visíveis. Nos tapetes ou carpetes, juntas são invisíveis, sendo portanto indicado apresentar como representação dessa superfícies as texturas correspondentes. Esses desenhos não precisam de cotas, projeção de beiral e muito menos a indicação dos compartimentos. Podem ser representados também pisos externos e vegetações. Tomar cuidado para não "carregar" muito nas linhas do mobiliário e outros acessórios, que deverão estar desenhadas com linhas médias. As paginações de piso, soleiras ou qualquer outro elemento que esteja no nível do piso não deverão ter muito destaque, apresentando suavemente suas juntas.

6.3. Apresentação
Estes desenhos também podem ser apresentados coloridos, com sombras, padronagens, texturas e etc. Para tanto podem ser usados diversos tipos de mídia. No papel vegetal, o desenho das plantas e equipamentos podem ser feitos à tinta e posteriormente finalizado com bastões de pastel óleo e lápis de cor. Outros papéis texturizados podem ser usados com a aplicação de linhas à tinta e massas de cores e texturas com lápis de cor aquarelado. No computador, o CorelDraw é o programa mais indicado para a realização desses desenhos. A planta pode ser feita no Autocad e importada para o Corel para o tratamento final. A execução do desenho no 3Dstudio é outra técnica um pouco mais trabalhosa, mas que apresenta resultados surpreendentes. Todos os elementos representados em 3D como se fosse uma maquete. Podemos nesse caso simular efeitos de luz e sombra e alterar as texturas e cores da forma que desejarmos. Além disso a base desse desenho também serve para a realização das perspectivas, já que o espaço reduzido está construído. Basta colocar a camera na posição desejada e renderizar. Procure a técnica que mais lhe agrada e libere sua mão e criatividade que com certeza alcançará o objetivo desejado.


7. COTAS

7. 1. Uso
É a forma pela qual passamos nos desenhos, as informações referentes as dimensões de projeto. São normalmente dadas em centímetros. Isso porque nas obras, os operários trabalham com o "metro" (trena dobrável com 2 metros de comprimento), que apresenta as dimensões em centímetros. Assim, para quem executa a obra, usuário do "metro", a visualização e aplicação das dimensões se torna mais clara e direta. Isso não impede que seja utilizada outra unidade. Normalmente, para desenhos de alguns detalhes, quando a execução requer rigorosa precisão, as dimensões podem ser dadas em milímetros. Na hora de cotar, deve-se ter o cuidado de não apresentar num mesmo desenho, duas unidades diferentes, centímetros e metros por exemplo. As áreas podem e devem ser dadas em metros. Assim, procurar sempre informar através de uma "nota de desenho" as unidades utilizadas, como por exemplo: "cotas dadas em centímetros" e "áreas em metros". As cotas indicadas nos desenhos determinam a distância entre dois pontos, que pode ser a distância entre duas paredes, a largura de um vão de porta ou janela, a altura de um degrau de escada, o pé direito de um pavimento, etc.. A ausência das dimensões provocará dúvida para quem executa, e na dificuldade de saná-las, normalmente o responsável pela obra, extrai do desenho, a informação, medindo com o metro, a distância desejada. Portanto, como já alertamos anteriormente, não são indicadas, para os desenhos de projetos executivos, as escalas de 1:25, 1:75, 1:125.


7. 2. Técnicas de desenho
As cotas, sempre que possível devem estar margeando os desenhos, ou seja, fora do limite das linhas principais de uma planta, corte, ou qualquer outro desenho. Isso não impede que algumas cotas sejam dadas no interior, mas deve-se evitar, a fim de não dificultar a leitura das informações. Na sua representação, são utilizadas linhas médias para traçado das "linhas de cota" - que determina o comprimento do trecho a ser cotado; "linhas de chamada" - que indicam as referências das medidas; e o "tick" - que determina os limites dos trechos a serem dimensionados. Nos desenhos, a linha de cota, normalmente dista 1cm (1/1) da linha externa mais próxima do desenho. Quando isso não for possível admite-se que esteja mais próxima ou mais distante, conforme o caso. As linhas de chamada devem partir de um ponto próximo ao local a ser cotado (mas sem tocar), cruzar a linha de cota e se estender até um pouco mais além desta. O tick, sempre a 45 graus à direita, cruza a interseção entre a linha de cota e de chamada. Este deve ter um traçado mais destacado, através de uma linha mais grossa, para facilitar a visualização do trecho cotado. Podem ser utilizados outros tipos de representação que não seja o tick, contudo consideramos este como o mais indicado. O texto deve estar sempre acima da linha de cota, sempre que possível no meio do trecho cotado e afastado 2mm da linha de cota. Caracteres com 3mm de altura.

7.3. Apresentação

 


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