sexta-feira, 19 de junho de 2015

Isolamento termo-acústico promove eficiência energética e de custos


Materiais promovem eficiência
(crédito: Divulgação Dânica)
Antes de se avaliar a eficiência dos materiais isolantes é preciso saber o que se quer para o desempenho térmico e acústico do projeto em questão. Dependendo da instalação algumas premissas devem ser colocadas em pauta, como: tipo de utilização, quantidades de pessoas que ocuparão o ambiente, quantidade de calor e ruído gerado internamente, necessidade térmica dos ambientes e instalações, índice de iluminação, ventilação, nível de ruído externo que deverá ser absorvido pela cobertura e fachadas, tipo e sistema do ar condicionado, e, finalmente, clima da região. De acordo com Carlos Caruy, gerente técnico da Saint Gobain e diretor técnico da Abraliso, cada projeto tem sua peculiaridade. Por esse motivo é importante observar as necessidades de cada caso.
“Toda vez que um projetista necessita criar um ambiente com o conforto termo-acústico ideal, deve levar em consideração a finalidade do ambiente, o nível de ruído interno e externo, sua localização (área urbana/rural), a incidência solar/climática, seja para reduzir a reverberação do som, a temperatura interna das edificações, ou para proporcionar menor consumo de energia”, explica.
Segundo Caruy existem vários tipos de materiais destinados para isolação térmica e acústica, que variam de acordo com sua composição, tipo de aplicação, necessidade a ser atendida (térmica e/ou acústica, proteção ao fogo), desempenho desejado (térmico, acústico e segurança ao fogo), atendimento à normas técnicas, custo etc.
Ele explica, por exemplo, que as lãs minerais, pelas suas características, podem ser aplicadas em praticamente todas as situações onde os isolantes térmicos e acústicos são necessários. Especificamente para o uso na construção civil, visando isolação térmica e acústica, o isolante térmico é sempre recomendado para as coberturas, fachadas, paredes divisórias e no piso.
Além disso, a isolação térmica também é empregada em sistemas de ar condicionado (dutos, tubulações e equipamentos) e na proteção passiva ao fogo (portas, dutos de ventilação, escadas, isolamento de estruturas metálicas e de shafts etc.).
“Para cada situação existem materiais específicos. Os isolantes são os materiais que propiciam o melhor retorno do investimento feito em uma edificação. Os principais benefícios são a economia de energia obtida com a isolação, a redução da necessidade de carga térmica (kWs) dos equipamentos de climatização, o conforto térmico obtido e, numa análise financeira, geralmente o retorno do investimento em isolação térmica paga-se em dias”, diz Caruy.
Ele acrescenta que vale a pena comentar que, a partir de 2010, entrou em vigor a Norma de Desempenho de Edificações NBR 15575, que estipula os requisitos mínimos de desempenho termo-acústico de edificações.
“Embora esta série de normas seja para edifícios habitacionais de cinco pavimentos, muitos requisitos serão adotados e referenciados para outros tipos de edificações. Várias iniciativas estão sendo tomadas para tornar a construção civil menos impactante ao meio ambiente. Entidades como o CBCS – Conselho Brasileiro para a Construção Sustentável, as certificações LEED e AQUA, o Guia de Compras Públicas Sustentáveis, a Regulamentação de Eficiência Energética do Procel-Inmetro, são alguns exemplos claros deste movimento. Os diversos eventos (congressos, seminários, workshops etc.) que estão sendo realizados sobre este tema mostram o interesse cada vez maior sobre a eco-eficiência dos materiais isolantes usados nas edificações. Não tenho dúvida que os projetos e as obras para a Copa do Mundo em 2014 e para os Jogos Olímpicos, em 2016, vão focar o uso de materiais isolantes que gerem eficiência energética e preservação do meio ambiente”.

Casa em Manguinhos (ES)
(crédito: Divulgação Dânica)
Isolantes e o conceito sustentável
Os isolantes térmicos e acústicos atualmente se inserem em conceitos de construções sustentáveis por vários aspectos. O principal deles é a economia de energia (consumo e demanda da edificação). Outro aspecto importante é a durabilidade dos isolantes, pois uma vez incorporados à edificação (principalmente na envoltória) permanecerão pelo tempo que a mesma existir, sem necessidade de substituição ou manutenção, o que reduz a quantidade de resíduos e a demanda de recursos naturais para produzir novamente.
“O isolamento térmico/acústico está diretamente ligado ao conceito de edifícios verdes quando se analisa pelo lado da economia de energia x a eficiência térmica. Além da influência nos custos financeiros e da manutenção do sistema, também existe um ganho ambiental por reduzir a demanda de energia necessária para o seu bom funcionamento”, informa Marcos Pereira Lima, gerente de vendas da Rocktec Isolantes Térmicos.
Segundo ele o mercado esta cada vez mais consciente da necessidade da utilização de materiais que não agridam o meio ambiente, pois além dos parâmetros necessários na prática da boa engenharia, as normas técnicas estão cada vez mais cuidadosas na definição dos produtos a serem aplicados no segmento em questão.
“Com relação aos materiais isolantes térmicos acústicos, acredito que os fibrosos têm um impacto menor no meio ambiente uma vez que são quimicamente inertes e incombustíveis. Quanto a isolação de linhas e tubulações, por exemplo, quando se isola uma rede de dutos de distribuição de ar condicionado melhora-se a eficiência térmica do sistema, diminuindo-se a quantidade de horas trabalhadas das máquinas de refrigeração”, comenta.
A tendência mundial em busca da Certificação LEED para os empreendimentos é um fato destacado por Jair Rosa, da Joongbo.
“A indústria tem desenvolvido novos materiais com coeficientes de isolamento mais eficientes, possibilitando obter, mediante variações de sua composição, resultados acústicos satisfatórios que atendam as necessidades do usuário. Atualmente os construtores no Brasil estão seguindo uma tendência mundial em busca da Certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) para os seus empreendimentos, por isso estão cada vez mais preocupados em lançar imóveis que atendam o conceito Green Building e conforto acústico.  Esta tendência resulta em um padrão mundial de qualidade construtiva e quem ganha é o meio ambiente, além dos futuros proprietários destes imóveis. O isolamento acústico é um dos requisitos que as construtoras devem preencher para receber a denominação de Edifício Verde, com um bom isolamento acústico o usuário ganha em saúde e qualidade de vida através do bem estar proporcionado”, revela Rosa.
Uma construção sustentável é desenvolvida de forma a reduzir seus impactos no meio ambiente, considerando toda sua vida útil, desde a construção, uso e operação, até o retrofit ou demolição. Entre os principais pontos a serem considerados estão o planejamento da ocupação, utilização eficiente de energia e água, conservação e tipo de materiais e recursos, redução de emissões de gases de efeito estufa e a qualidade do ambiente interno.
“O isolamento termo-acústico é um item que deve estar inserido nos critérios de desempenho dos chamados edifícios verdes, pois é um item fundamental em relação ao conforto dos usuários nas edificações. Os edifícios verdes devem seguir conceitos em relação à qualidade do ar, uso da energia, uso da água, utilização de materiais ecologicamente corretos, ergonomia dos móveis e utensílios, dentre outros itens, e a acústica está diretamente relacionada com o conforto dos usuários, sendo um dos itens de grande importância, pois um ambiente ruidoso contribui para a falta de concentração e baixa produtividade, segundo o relatório da Organização Mundial da Saúde (WHO, 1999), além dos prejuízos ao desempenho humano e danos a saúde, tais como: nervosismo, ansiedade, falta de memória entre outros”, diz Rodrigo Ratão, coordenador de desenvolvimento de mercado - IND e HVAC da Saint Gobain.
Caruy acrescenta que hoje ainda há desconhecimento por boa parte de usuários de supermercados, shoppings, edifícios, indústrias, etc do uso de isolantes e seus benefícios para a eficiência energética e conforto térmico e acústico.
“Temos trabalhado, através de nossa associação e das nossas empresas, na educação sobre isolação térmica e acústica junto ao meio acadêmico, técnico e profissional”. Como exemplo, cita a participação em congressos técnicos, além da contribuição da associação no aperfeiçoamento de normas e regulamentações voltadas para a conservação de energia, conforto térmico e acústico. Outro ponto que é que não existe nenhum tipo de incentivo oficial e fiscal para reduzir os custos de seus produtos e difundir o uso de isolantes na construção civil, por exemplo. Os isolantes ainda são vistos apenas como custo e, muitas vezes, cortados na execução de uma obra onde as consequências sempre ficam para o usuário (desconforto, maior consumo de energia, ruído etc.)”.
Um detalhe que Caruy classifica como importante é que a correção térmica ou acústica é muitas vezes mais cara e, por vezes, inviável tecnicamente, do que a aplicação dos isolantes durante a execução da obra, conforme previsto no projeto.
Outro ponto importante destacado por Adriana Bergamo Helmann, gerente de marketing da Dânica Termoindustrial, é o incentivo à utilização de coberturas e painéis termoisolantes que possibilitam a refletância do calor, logo a redução da carga térmica, com menor consumo de energia elétrica.
“Por exemplo, os painéis termoisolantes em PUR e PIR são fabricados com a utilização de gás pentano ao invés de R-141b e viabilizaram zerar emissão de ODP (Ozone Destruction Potencial) e reduzir em até 50 vezes o GWP (Global Warming Potencial). Além do aspecto ambiental, espumas obtidas com pentano, como agente de expansão, apresentam melhores propriedades mecânicas e melhor qualidade”, informa Adriana.
Tipo ideal
Tanto o isolante acústico como o térmico devem ser definidos por especialistas, pois o desempenho dos mesmos muda em função do tipo de material, espessura, densidade e necessidades de cada caso.
Dentre as opções de materiais para grandes construções, os isolantes em PUR ou PIR estão entre os indicados.
Os sistemas construtivos atuais dispõem de várias opções de isolamento, como tijolo, EPS, lã de vidro, poliuretano, entre outros.
“Quando comparados os painéis com núcleo isolante em PUR/PIR com os materiais tradicionais da construção civil, observamos que a transferência de calor de uma parede de PUR/PIR é de 5%, enquanto uma parede de tijolo (alvenaria) com a mesma espessura chega a 80%”, explica Adriana.
Ela cita os seguintes elementos que favoreceriam a escolha dos painéis e telhas termo isolantes em PUR/PIR:
- Excelente isolante térmico (baixo coeficiente de condutividade térmica: = 0,021W/m.K);
- Alta resistência mecânica (compressão, tração, temperatura, fadiga);
- Materiais com retardante à chama classe R1 conforme a NBR 7358 (ABNT);
- Estabilidade química e física;
- Resistência ao ataque de roedores, insetos e fungos;
- Facilidade de aplicação;
- Produto fabricado conforme normas nacionais e internacionais;
- Canteiro de obras limpo seguindo o conceito de construção sustentável;
- Alinhado ao Protocolo de Montreal.
Ela cita como exemplo de aplicação o projeto do arquiteto Augusto Alvarenga (Ecasa), doutor em arquitetura sustentável, de uma casa construída em condomínio residencial na praia de Manguinhos, no Espírito Santo.
“A casa showroom recebeu a aplicação de telhas Térmicas TermoRoof PUR da Dânica em aço pré pintado, espessura 30mm, reduzindo a transferência de calor e gerando economia de energia, o que se traduz em benefícios econômicos, sociais e ambientais”, diz Adriana.
Eloise Scabia, coordenadora de marketing da Isoeste, também indica o isolamento em poliuretano. “Esse isolamento é ecologicamente correto e livre de CFC, um produto totalmente sustentável”, diz.
Eloise aponta como principais vantagens das coberturas em PUR:
- Excelente isolamento térmico e acústico
- Economia na aquisição do sistema de climatização
- Aço pré-pintado (maior durabilidade)
- Excelente acabamento interno (telha-forro)
- Superior resistência mecânica
- Redução no consumo de energia
- Perfeita estanqueidade - fixação na onda alta
- Resistência ao fogo - Classe R1 conforme ABNT MB1562
“Por exemplo, um revestimento de telhado em PUR/PIR, com espuma em alta pressão, proporciona homogeneidade, evita bolhas no núcleo resultando em um produto de alto poder de isolação termo acústica e maior resistência mecânica. Já painéis com lã de rocha e lã de vidro reúnem em um mesmo produto a alta resistência ao fogo (corta fogo) e um grande isolamento acústico. Além disso, todos esses produtos são sustentáveis. Não agridem o meio ambiente no processo de produção, são 100% recicláveis e não causam entulho na obra. Uma instalação com um bom tratamento e isolamento termo-acústico permite ao proprietário adquirir equipamentos mais compactos para o sistema de ar condicionado e refrigeração e, consequentemente, oferece maior eficiência à edificação”, revela.
Relativo aos materiais, o presidente da Abraliso, Attilio Nelson Pacini, informa que o mercado brasileiro dispõe de enorme gama de produtos, mas nem todos os fabricantes ou empresas que os comercializam oferecem as informações adequadas sobre as propriedades e limitações dos produtos.
“Por exemplo, as lãs minerais (lã de vidro e lã de rocha) contribuem para a redução das emissões de gases poluentes, em particular o CO2, e são empregadas nas lajes ou sobre forros nas coberturas. Igualmente devem ser utilizadas nas fachadas das edificações, particularmente nos peitoris e nas fachadas cegas”.
Ele diz que a utilização das fibras minerais reduz o ganho de calor solar reduzindo o consumo de energia elétrica e a potência instalada dos equipamentos de ar condicionado. Além disso, as fibras minerais são naturalmente incombustíveis o que as recomenda para utilização em grandes edifícios onde vidas humanas estão em jogo.
Ratão acrescenta que dutos de distribuição de ar em lã de vidro também contribuem para a redução de emissões prejudiciais ao meio ambiente, desde as aplicações industriais até linhas comerciais e residências: “Um exemplo de produto são os dutos de distribuição de ar em lã de vidro que fazem a distribuição do ar condicionado, onde em um único produto faz a absorção acústica e a isolação térmica, proporcionando conforto ao usuário e garantindo a estanqueidade do sistema de distribuição de ar. Atualmente o mercado já está exigindo produtos que contribuam para o desempenho das edificações, que causem menos impactos ambientais e que possuam uma instalação rápida, proporcionando menores riscos em casos de sinistros nas edificações. As empresas hoje também procuram possuir diferenciais em relação ao seu sistema de gestão da qualidade e certificações como ISO 9001, ISO14001 e OHSAS 18.001, que acompanham alguns produtos”, informa Ratão.
A aplicação de mantas também é citada por Rosa. Ele diz que para a isolação acústica do Resort Ibero Star, na Praia do Forte (BA), foi utilizada a manta de Polietileno Expandido de Baixa Densidade, fabricada sem o uso de agentes nocivos ao meio ambiente e 100% reciclável, e de acordo com a nova Norma Técnica de Engenharia ABNT 15575-3.
Características de materiais isolantes
Painéis PUR/PIR
Os painéis termoisolantes têm suas aplicações garantidas devido a sua composição: núcleo isolante em PUR/PIR e revestimento metálico em 1 ou 2 faces.
PUR (poliuretano)
É um elemento termofixo obtido pela reação de componentes químicos, resultando em uma espuma rígida.
PIR (poliisocianurato)
Diferencia-se do PUR por apresentar melhor resistência térmica à altas temperaturas.
EPS (poliestireno expandido)
- Núcleo isolante em EPS, livre de CFC, caracterizado como retardante à chama, conforme NBR 11752 (ABNT), com massa específica aparente (MEA) mínima de 14,5kg/m³, o que confere menor peso ao produto final;
- Revestimento em uma ou duas faces, em aço zincado, pré-pintado na cor branca RAL 9003 (outras cores sob consulta) ou galvalume;
- Durabilidade assegurada pelo moderno processo de produção com colagem do revestimento sob pressão e calor.
LDR (lã de rocha)
- Núcleo isolante em LDR incombustível. Oferece alta resistência ao fogo. Sua massa específica aparente (MEA) é de no mínimo 80kg/m³;
- Revestimento em uma ou duas faces, em aço zincado, pré-pintado na cor branca RAL 9003 (outras cores sob consulta) ou galvalume;
- Resistência térmica máxima de LDR em até 500°C (em painel até 90°C).
Estes isolantes apresentam propriedades como resistência à compressão e estabilidade dimensional.
- Painéis com núcleo isolante em PUR/PIR são caracterizados como retardantes à chama classe R1, conforme a NBR 7358 (ABNT) com massa específica aparente moldada (MEAM) de 37 a 42kg/m2;
- A resistência térmica de PUR é de até 90°C e a do PIR é de até 163°C (em painel até 90°C).
Fonte: Dânica
Materiais disponíveis no mercado
Lã de vidro
A lã de vidro possui um bom desempenho no tratamento acústico de ambiente graças ao seu coeficiente de absorção acústica, sendo indicada sua aplicação em forros ou na confecção de paredes duplas no processo construtivo conhecido como massa-mola-massa, substituindo com vantagens as paredes pesadas, dificultando a transmissão dos sons graças a sua descontinuidade e a grande elasticidade. As principais características são: alto poder de isolação térmica; ótimo coeficiente de absorção acústica; não propagam chamas; não deterioram ou apodrecem; estáveis mesmo em altas temperaturas; fáceis de recortar e aplicar; são inquebráveis, reduzindo as perdas nas obras.
Lã de rocha
A lã de rocha devido a suas características termo-acústicas atende aos mercados da construção civil, industrial, automotivos e eletrodomésticos entre outros. Garantindo conforto ambiental, segurança e aumento no rendimento de equipamentos industriais, suas principais características são: alto poder de absorção acústica; resistência ao fogo; segurança (não oferece risco à saúde); facilidade de manuseio; boa resiliência; resistente a vibrações; não higroscópico; imputrescível e quimicamente neutra.
Barreiras acústicas
As barreiras acústicas são os polímeros minerais de alta densidade à base de EPDM e rocha basáltica, e apresentam bom desempenho acústico. Podem ser aplicadas na construção civil para isolamento acústico de pisos, paredes, tetos e diversas outras aplicações, como isolar acusticamente ruídos provenientes de tubulações de banheiros, esgotos, água fria e água quente. As barreiras acústicas conferem bons resultados com o mínimo de interferência na superfície aplicada. Assim, as espessuras das lajes e do contra piso podem ser melhor dimensionadas.
Espumas acústicas
A espuma absorvedora acústica permite isolar ou absorver ruídos incômodos provenientes de outros ambientes ou mesmo aqueles reverberados (eco). A sua estrutura multi-celular faz com que a onda sonora seja dissipada (perca energia) em seu interior. E a sua configuração superficial permite a penetração de ondas sonoras vindas de qualquer direção. A espuma absorvedora acústica pode ser aplicada tanto em residências como em locais de trabalho. Pela sua ampla gama de atuação pode ser utilizada em lojas, bancos, restaurantes, escritórios, auditórios, estúdios de rádio e TV, ginásios, entre outros.

Por Ana Paula Basile Pinheiro - Editora da revista Climatização & Refrigeração

terça-feira, 16 de junho de 2015

Contêineres de navio se tornam matéria-prima para a construção de casas

 
Pré-fabricados, resistentes, baratos e portáteis, os contêineres de transporte de carga reúnem uma série de características que credenciam seu uso como "matéria-prima estrutural" para a produção de casas. É verdade que a adaptação não é simples: eles precisam passar por um rigoroso processo de seleção e transformação antes de poderem compor as construções, o que exige conhecimento técnico especializado.

O desenvolvimento de detalhes técnicos, como a interface entre os caixilhos e o contêiner, por exemplo, também exige domínio do sistema por parte do projetista. Outra necessidade é a elaboração de um plano de logística para descarregamento e posicionamento do recipiente de carga no terreno. Mesmo com tamanha complexidade, a tecnologia ainda pode se mostrar uma opção economicamente viável em projetos residenciais, com a vantagem adicional de dar novo uso a um material que já havia cumprido com sua função no transporte de cargas.

Os contêineres High Cube de 40 pés que têm 2,89 m de altura, 12,19 m de comprimento e 2,44 m de largura - são os mais empregados na construção de casas em função do pé-direito maior, que favorece, por exemplo, o embutimento das instalações no forro de gesso. Os recipientes usados custam cerca R$ 9,5 mil e, depois de adaptados para a construção civil, têm durabilidade estimada de 90 anos, desde que sejam realizadas intervenções periódicas de manutenção.

"Trata-se de um mercado diferenciado, voltado para as pessoas que querem inovar com algo diferente das construções em alvenaria", afirma José Eleutério Jardim, diretor do Grupo IRS, empresa especializada na reforma e modificação de contêineres para a construção civil. "Estamos reciclando e dando forma aos contêineres que seriam descartados e se tornariam sucata", diz Jardim.

Seleção

Os contêineres normalmente chegam à obra parcialmente adaptados, com aberturas recortadas, molduras soldadas (que substituem os contramarcos) e instalações técnicas embutidas. A seleção técnica do produto que será usado no projeto residencial é a primeira etapa do processo, que acontece ainda no terminal de contêineres. "Excluímos os contêineres com ataque químico, problemas estruturais e com tetos danificados", afirma Ronaldo Hultmann, presidente e diretor geral da Delta Containers, empresa paranaense que comercializa os recipientes de carga já transformados para projetos arquitetônicos. Os recipientes de carga são examinados e manuseados por mão de obra especializada, treinada segundo os critérios internacionais do The Institute of International Container Lessors (IICL), órgão que estabelece as normas relativas aos contêineres.

Depois de escolhidos, os contêineres passam por serviços de serralheria (corte, solda e moldura). Os cortes, quase sempre feitos por máquinas de plasma com ar comprimido, devem ser executados com precisão para evitar soldas adicionais, causadoras de eletrólise ou problemas estruturais. "Discos de corte ou lixadeiras são usados quando há necessidade de emendar peças que tenham cortes com ângulos de 45o", diz Pablo Castilho, responsável técnico da Delta.

Após os cortes, segue-se às etapas de limpeza, remoção de graxa e tratamento abrasivo, que é feito com granalha de aço em contêineres novos (com carepa de laminação). "Em outros casos, é feita uma limpeza mecânica com escova e lixadeira rotativas e pistola de agulha. Posteriormente, aplica- -se a pintura anticorrosão com sistema airless", complementa Castilho.

Primeiro projeto

Projeto piloto do arquiteto Danilo Corbas, a casa da Granja Vianna, em Cotia (SP), concebida para ser sua residência, teve boa parte das atividades executadas no canteiro, já que os recipientes chegaram à obra somente com os vãos recortados. "A casa levou sete meses para ser finalizada. Teria levado cinco se todo o material estivesse disponível no tempo da obra e não no dos fornecedores", justifica o arquiteto.

Na morada do arquiteto, destacam-se uma cobertura verde, que capta águas pluviais para irrigação do jardim, e os grandes vãos e aberturas que proporcionam espaços integrados. "Vencer o vão não foi problema, mas sim a vibração e um provável curvamento, que foi combatido com o posicionamento do corpo da escada e com os pilaretes da caixilharia", complementa o autor do projeto, que considera a criatividade e a experiência importantes para quem vai projetar ou executar construções com contêineres.

"Se não tiver experiência no campo, o arquiteto deve contar com o respaldo de um engenheiro experiente", aconselha. Para ele, um dos itens mais difíceis de se lidar em um projeto desse tipo é a interface dos caixilhos com o contêiner, cujo painel corrugado pode repuxar das formas mais inesperadas, dependendo do corte feito. "É possível usar caixilhos convencionais, mas os contramarcos devem ter uma base especial", alerta.

Quando questionado sobre como seria a base ideal, Corbas evitou dar informações e fornecer detalhes técnicos que elucidassem visualmente o sistema. "Não divulgo todos os detalhes por estratégia comercial", justifica o arquiteto. O mesmo fez a Delta Containers. "Trata- se de um segredo de produção", afirma Ronaldo Hultmann.


Fonte:http://www.obra24horas.com.br/materias/tecnologia-e-sustentabilidade/conteineres-de-navio-se-tornam-materia-prima-para-a-construcao-de-casas

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Paredes Moldadas In-Loco

1No inicio do século passado,  Thomas Edison já idealizava um processo de construção  mais racional, utilizando paredes pré-moldadas, fundidas no próprio  canteiro de obras na posição horizontal, para depois serem  erguidas para a posição definitiva na vertical.Em 1910,  uma igreja foi a primeira construção a ser erguida nos Estados  Unidos seguindo essa ideia. A partir da década de 40, este  processo passou a ser o preferido dos norte-americanos, por reduzir significativamente os custos e prazos de conclusão  da obra.
 
Aqui no Brasil, a construção industrializada de paredes e lajes  de concreto moldados in loco só começou a ser estudada e desenvolvida  a partir da década de 90.Atualmente, as principais empresas que oferecem  esse sistema são a Bilden, Inpar e Sergus.
 
Com algumas variações na sistemática de produção,  o processo tem como base o conceito de construção industrializada,  tendência mundial que vem ocupando cada vez mais espaço na cadeia  de construtiva brasileira. O objetivo é oferecer custos reduzidos sem  prejuízo da qualidade, segurança na construção,  diminuição da necessidade de mão-de-obra, eliminação  das patologias da alvenaria e redução nos prazos de entrega  de obras.
 
PAREDES PERMITEM QUALQUER PROJETO DE ARQUITETURA  
 
2
A Bilden Tecnologia em Processos Construtivos é  uma das empresas que se especializaram em construções baseadas  no sistema de paredes autoportantes pré-moldadas no próprio  canteiro de obras.Segundo Sérgio Coelho, presidente da Bilden, “a  pré-moldagem in loco é comprovadamente mais econômica  do que a alvenaria convencional, os pré-fabricados ou a estrutura metálica”.
 
O sistema utilizado pela Bilden consiste, basicamente, na utilização  de paredes com painéis arquitetônicos, autoportantes, pré-moldados  em concreto armado, em grandes dimensões (40 a 70 m²), fundidos  no próprio canteiro na posição horizontal, sobre piso  de alta planicidade, previamente executado e nivelado a laser.Após  atingirem a resistência necessária, os painéis são  erguidos para a posição definitiva, na vertical, com o auxilio  de guindastes apropriados.
Uma das vantagens desse sistema é que permite a realização  de projetos de qualquer tamanho, com ofrmas regulares ou irregulares, e ampla  variedade de tratamentos decorativos. 
 
”Este é o processo executivo de qualquer projeto de arquitetura.Não  restringimos a criatividade do arquiteto e viabilizamos o projeto com maior  rapidez, utilizando concreto de 25 a 30 MPa com slump entre 10 e 12”,  comenta Sérgio Coelho.
 

CONSTRUÇÃO POPULAR  COM QUALIDADE E RAPIDEZ
  
Visando oferecer ao mercado um sistema que viabilizasse  a construção de edifícios voltado para o público  de menor poder aquisitivo, sem que houvesse a perda de desempenho e qualidade  , a InPar desenvolveu, depois de anos de estudos e visitas a diversos países,  o “Projeto Viver” . O Projeto consiste em um sistema de construção  baseado na utilização de paredes in loco, lajes planas nervuradas  com fôrmas plásticas, esquadrias de PVC e instalações  acessíveis em shafts e entre forros.
 
A parede é concretada em gabaritos, que , posteriormente, são  substituídas por caixilhos, parafusados e colados com silicone estrutural.
 
Na avaliação do eng. Nelson Faversani Junior, gerente de obras  da InPar, esse sistema permite uma significativa redução nos  prazos para conclusão da obra,resultando em considerável economia  no custo final do empreendimento.As paredes de concreto moldadas in loco também  são bastante eficientes em termos de isolamento térmico e acústico,  alem de eliminar problemas sérios de patologias de alvenaria.
 
A definição das características do concreto também  foi fundamental para o “Projeto Viver”.”A princípio,  achamos que seria necessário usar um concreto altamente plástico.Quando  visitamos as obras que estavam sendo desenvolvidas na Itália e Israel,  vimos que elas utilizavam concretos com slump 8. Após muitas pesquisas  , chegamos ao traço que adotamos hoje, de slump 12 com pedra 1. Mas  o fundamental para o nosso empreendimento é contar com concreto dosado  em central de excelente qualidade”, explica o eng. Faversani. A especificação  do fck é 20 MPa, com atenção especial para a composição  dos agregados e a proporção entre areia e brita.
 

EDIFÍCIO DE 13 PAVIMENTOS EM 26 DIAS ÚTEIS

Já a construtora Sergus desenvolveu um sistema  de que esta viabilizando a construção de edifícios,com  alta qualidade e alta produtividade , cuja tecnologia consiste em paredes  e lajes estruturais de concreto armado moldadas no local com o uso de fôrmas  tipo túnel.Para os pavimentos-tipo a espessura mínima das paredes  é de 12 cm e das lajes é de 8 cm.
 
Na avaliação do eng. Adalberto Magina, coordenador de qualidade  da Sergus, esse sistema permite a racionalização da construção,  em função de ciclos diários de montagem e desmontagem  das fôrmas metálicas.”Com isso, conseguimos uma rapidez  significativa na execução do edifício , pois produzimos  dois apartamentos por ciclo de operação. Considerando-se quatro  apartamentos por pavimento, as paredes e lajes são concluídas  em aproximadamente 26 dias úteis para um edifício de 13 pavimentos”.
 
O objetivo de agilizar a construção mantendo-se a qualidade  do empreendimento leva a uma natural preocupação com as características  do concreto utilizado. “Para viabilizar este tipo de sistema construtivo,  o concreto tem de ser de excelente qualidade, com alta resistência inicial,  já que temos sempre que desenformar concretagem no dia seguinte”,  analisa Adalberto. “Por este motivo, as próprias empresas prestadoras  de serviços de concretagem fizeram parceria conosco,contribuindo para  garantir a qualidade de nossos produtos”. O concreto empregado neste  caso é de 25 MPa, com slump 18.
 
O sistema construtivo utilizado pela Sergus foi avaliado pelo IPT no que diz  respeito as condições técnicas de produção,  controle da qualidade e desempenho estrutural, acústico, térmico,  estanqueidade à água, durabilidade e segurança ao fogo,  tendo sido considerado adequado às condições de uso,  conforme Referencia Técnica RT IPT n°11, de junho de 2000.
 
Créditos: Jornal Tecnologia do concreto armado  N. 13


terça-feira, 9 de junho de 2015

Dicas para Reforma e Ampliação de Residências

Reformar a casa não é tarefa fácil. É preciso avaliar as estruturas, elencar as possibilidades, levantar os custos, entre uma série de passos que você não pode dar sozinho: há profissionais especializados para te ajudar nessa empreitada. 


Confira a seguir o que você precisa saber antes de reformar ou ampliar sua casa e vá muito além do famoso “puxadinho”. 

Etapas pré-obra 

Quando se pensa em construir, não há uma receita de bolo exata, mas há uma série de etapas e precauções importantes a seguir para garantir a qualidade final da obra. No caso da reforma ou ampliação de uma casa, o primeiro passo é pensar: o que será reformado e ou ampliado? 

Para ajudar nessa primeira tomada de decisões, solicite o auxílio de um profissional de arquitetura. Além de orientar como pode ser feita a mudança pretendida, o arquiteto também pode oferecer outras opções para a sua reforma. De acordo como o engenheiro Thomas Carmona, diretor da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece), o arquiteto também pode auxiliar na burocracia da operação: “é fundamental realizar um levantamento geométrico da estrutura existente e conseguir toda documentação que esteja disponível, o que diminuirá a necessidade de prospecções no local e, fatalmente, reduzirá custos”, alerta. 

Vale lembrar que quando a reforma tiver como proposta alterações da estrutura original do imóvel (independente do grau de mudanças) é obrigatório dar entrada no alvará de aprovação e execução para reforma. Depois de concluída a obra, é preciso também solicitar o certificado de conclusão, mais conhecido como “habite-se”. 

Após essa primeira etapa de tomada de decisões, é preciso caminhar para colocar as ideias em prática. Nesta fase, é preciso avaliar as estruturas para saber quais necessidades e cuidados essas requerem ao serem reformadas e ou ampliadas. Nascem aí os projetos de arquitetura, estrutura e instalações da obra, documentos a serem desenvolvidos pelo profissional contratado. A partir de tais projetos, é possível prever quais operações serão realizadas, levantar quais e quantos materiais serão utilizados e, então, solicitar orçamentos de custos. 

Materiais e reforços 

A escolha dos materiais deve ter como base a expectativa que se tem da obra finalizada. Na ampliação de uma casa, por exemplo, é importante pontuar quais os materiais que constituem essa casa e qual o tipo de reforço que ela deve receber para ser ampliada. A necessidade de se reforçar uma estrutura pode ser fruto de vícios construtivos em alguma ou em várias fases da execução, e pode ser causada a partir da alteração da destinação da estrutura ou da necessidade de adequação a novas condições de carregamento. 

Não há um tipo de restrição quanto à aplicação dos materiais: uma obra em concreto pode receber reforço em aço e vice e versa. “Perante a cultura da mão de obra da construção civil e as situações normalmente encontradas em reformas e ampliações, os reforços mais comuns são em concreto armado com aumento de seções e inclusão de elementos em estrutura metálica. Outras opções também podem ser empregadas, mas dependerão de um cuidado maior na seleção da mão-de-obra a ser empregada na execução”, aponta o diretor da Abece. 

Apesar de o concreto ser mais utilizado nas obras, devido justamente ao fator cultural citado pelo engenheiro Thomas Carmona, o aço traz algumas vantagens, principalmente no caso de reformas e ampliações. Isso por que o material traz mais velocidade e limpeza à obra, o que reflete em uma menor interferência no cotidiano da residência em obras. 

Uma opção interessante é o drywall, paredes de gesso acartonado que tem como estrutura perfis metálicos. O sistema permite que se levante uma parede em apenas quatro horas. Além da velocidade, o drywall traz mais flexibilidade ao projeto. Como é mais leve (22kg por metro quadrado, contra 120kg da alvenaria), pode ser instalado independentemente de vigas, o que reduz em 10% os gastos com fundações. 

Avaliações quanto a reforços estruturais são de responsabilidade de um profissional de engenharia civil. Se você vai reformar ou ampliar sua casa ou qualquer outra edificação, solicite orientações desse profissional. 

Obra em andamento 

Começou a reforma, e agora? Agora é acompanhar. Nada de deixar a obra nas mãos dos pedreiros. “É importante garantir que a obra tenha acompanhamento de profissional, engenheiro ou arquiteto, com experiência em execução, com visitas à obra cuja periodicidade dependerá do vulto da intervenção. Recomenda-se o mínimo de uma visita semanal, a fim de orientar e acompanhar tecnicamente as etapas de execução”, explica Carmona. 

Quando devo reformar? 

A manutenção de uma edificação depende do material que foi empregado e, principalmente, dos detalhes construtivos. O engenheiro Thomas Carmona explica: “caso sejam ambientes internos protegidos, as ações de manutenção são necessárias em prazos bastante convenientes, geralmente superiores há 20 anos. No caso de ambientes externos, a estrutura de concreto, se bem executada, apresenta prazos de manutenção superiores aos da estrutura metálica, que merece atenção constante quanto à sua proteção”. 

É importante não deixar que a casa clame por uma reforma, como no caso de rachaduras aparentes e estruturas desgastadas. Já a ampliação vem com a necessidade de cada um. Um quarto a mais para o bebê que vai chegar, uma cozinha maior, espaço para lazer, e por aí vai. 

Puxadinho de qualidade 

Independente se é reforma ou ampliação, alguns cuidados são universais: “vale a pena investir em projeto, planejamento e numa contratação de execução consistentes, para evitar futuros problemas com gastos não previstos, qualidade inferior ao esperado e atrasos no cronograma”, reforça o engenheiro e diretor da Abece, Thomas Carmona. 


Fonte:http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=43&Cod=1698


segunda-feira, 8 de junho de 2015

Execução de contrapiso autonivelante

Indicado para recuperação e nivelamento de bases de concreto, o sistema de contrapiso autonivelante foi desenvolvido na Europa na década de 1980. No Brasil, as primeiras utilizações do produto datam de 1990. Atualmente, empreendimentos comerciais, industriais e projetos de equipamentos urbanos - como o estádio do Maracanã - estão utilizando a solução. Mas apesar de seu uso em obras expressivas, o desconhecimento da tecnologia ainda é o maior fator impeditivo para a análise criteriosa do seu custo - benefício, o que tem freado a disseminação em larga escala.

Marcelo scandaroli
Figura 1 - Contrapiso autonivelante aplicado
Tecnologia autonivelante
O contrapiso autonivelante ( figura 1) é um sistema composto por uma argamassa à base de cimento de alto desempenho, autoadensável, autonivelante, bombeável monocomponente e bastante fluida, de fácil aplicação. Em pisos de áreas internas e externas de tráfego moderado, cria uma superfície lisa, plana e de acabamento fino. Pode ser usado com sucesso para reabilitar, regularizar e nivelar contrapisos novos e antigos, desde que seja corretamente especificado e aplicado para essas finalidades. Particularmente, apresenta ótimos resultados em situações em que há alta exigência de planimetria, como garagens, estacionamentos, pátios e pisos industriais.
A alta produtividade na aplicação, a liberação rápida para a execução de outros serviços ou para o uso do ambiente (24 horas, contra os 14 dias necessários para cura dos pisos cimentícios convencionais), a qualidade e o desempenho são os principais diferenciais do contrapiso autonivelante. Por apresentar alta fluidez, o produto é autoadensável e autonivelante, características que permitem seu espalhamento natural, dispensando grandes esforços físicos ou procedimentos mais complexos para a sua aplicação e, consequentemente, necessidade de alta capacitação dos operários. O seu uso, no entanto, é contraindicado em áreas de aclives ou declives e sobre solo com umidade ascendente (recomenda-se realizar impermeabilização prévia da base). A aplicação também deve ser evitada em ambientes expostos a agentes químicos e em contato com óleos e graxas, sob pena de ocorrer queda de resistência, desagregações, fissuras e manchamentos.
Produtividade
Sua aplicação mecanizada, por meio de misturadora e bomba, proporciona alta produtividade com redução expressiva do tempo de execução do piso e, por sua vez, do cronograma de obra. Somado ao tempo de preparo da base - em geral, serviço executado em 2,5 dias -, a produtividade média por ciclo chega a 800 m²/ dia. Vale ressaltar que as condições da base e do ambiente e a espessura final requerida no projeto influenciam diretamente na produtividade. Quanto menor a espessura, maior será a produtividade: um piso com espessura de 1,0 cm pode apresentar uma produtividade potencial de 2.000 m²/dia (sem contar o tempo de preparo da base). Outros fatores decisivos nessa análise serão a liberação de frentes de trabalho (o que exigirá planejamento da obra para que a produção seja potencializada, evitando paradas no processo), e a disposição das juntas na base, dos elementos construtivos (tais como pilares) e dos equipamentos pesados existentes no local que receberá a aplicação.
O número de trabalhadores estimados para a execução dos serviços, em geral, é de quatro a cinco operários em média por frente de trabalho: dois ajudantes envolvidos nas tarefas de mistura do produto e de dois a três nas etapas de preparo da base, aplicação e acabamento.
Fotos: Marcelo Scandaroli
Figura 2 - Ferramentas e EPIs necessários: óculos, capacete, protetor auricular, luvas, máscara, vassoura de pelo, rastelo, fita de polietileno expandido, demarcador, broxa e sapatilha de prego
Características técnicas
O contrapiso autonivelante industrial apresenta as seguintes propriedades:
 Resistência ao arrancamento: > 1,0 MPa;
 Resistência à flexão aos 28 dias: 7,5 MPa (EN 13.892);
 Resistência à compressão aos 28 dias: 29 MPa (EN 13.892);
 Resistência à abrasão: 5 RWA 10 (EN 13892);
 Tempo em aberto da mistura (20°C): 15 a 20 minutos.
Composição
O sistema é composto por:
 Camada seladora - tem a função de vedar todos os poros da base, potencializando a aderência do produto;
 Camada regularizadora - contrapiso autonivelante à base de cimento (com função de regularizar e nivelar) de espessura variável em função do desnível da base.
Para o bom desempenho, no entanto, o sistema deverá atender prioritariamente aos requisitos de resistência à compressão, à flexão e superficial (abrasiva), aderência à base, nivelamento, planicidade e acabamento compatível com os revestimentos finais previstos em projeto.
Projeto
Antes de executar o serviço, é altamente recomendável conhecer todos os detalhes do projeto e realizar uma vistoria prévia no local para uma análise técnica da base, avaliando todos os detalhes que possam influenciar no comportamento do piso, tais como:
 Área do piso;
 Espessura mínima e máxima da camada que será aplicada sobre o piso;
 Disposição das juntas de dilatação;
 Disposição de pilares;
 Condições da base (no caso de pisos antigos, é fundamental avaliar se a superfície está íntegra, sem fragmentação, resíduos, revestimentos, manchas de óleo ou presença de elementos químicos);
 Uso destinado ao piso (identificar cargas pontuais, trânsito de veículos pesados e exposição a agentes químicos);
 Tipo de fechamento e cobertura (exposição a sol, vento e chuva).
Normas técnicas
Ainda não há normas técnicas brasileiras que regulamentam o contrapiso à base de cimento, portanto, as normas referenciais são as europeias:
 EN 13.892-2:2002 Methods of Test for Screed Materials. Determination of Flexural and Compressive Strength (resistência à compressão e à flexão);
 EN 13.454-2:2003 Binders, Composite Binders and Factory Made Mixtures or Floor Screeds Based on Calcium Sulfate. Test Methods (nível de retração);
 EN 13.501-1:2007 Fire Classification of Construction Products and Building Elements. Classification Using Test Data from Reaction to Fire Tests (resistência ao fogo);
 EN 13.892-4:2002 Methods of Test for Screed Materials. Determination of Wear Resistance-BCA (resistência à abrasão).
Figura 3 - Fresadora Figura 4 - Aspirador de pó industrial Figura 5 - Misturadora mecânica e bomba
Testes e ensaios
Os testes de qualidade são realizados por lote de produto considerando os seguintes ensaios: resistência à compressão, à flexão, superficial e retração. Na obra, antes da aplicação do produto, deve-se realizar o ensaio de fluidez (flow test), de forma a assegurar a fluidez ótima na aplicação.
Detalhes do processo executivo
O aplicador deverá utilizar as ferramentas e os EPIs indicados na figura 2. O uso da fresadora (figura 3) é indicado quando as condições do substrato para aplicação do produto forem impróprias, situação comum em bases antigas ou até mesmo novas (quando mal- executadas). Com o equipamento, é possível fazer a retirada da camada superficial da base atingindo uma camada mais resistente e proporcionar, desse modo, uma melhor ancoragem do contrapiso autonivelante.
Depois da fresagem, é necessário varrer a base para retirar o excesso de pó gerado no processo. A limpeza mais "fina" deverá ser feita com um aspirador industrial (figura 4).
Utilizar um misturar mecânico e uma bomba acoplada (figura 5), assegurando, respectivamente, maior homogeneidade da mistura e alta produtividade na aplicação.
Figura 6 - Preparo da base Figura 7 - Fresagem

Recomenda-se manter uma central única de mistura em um ponto estratégico da obra, preferencialmente em um local com fácil acesso ao recebimento de materiais e à estocagem deles e a uma distância adequada até o ponto de aplicação.
É imprescindível fazer uma vistoria preliminar no local, observando detalhadamente a área de aplicação e verificando pontos necessários para uma recuperação prévia, como necessidade ou não de tratamento de fissuras, de cavidades acentuadas e de fresamento, por exemplo. Antes de iniciar a execução do serviço, é importante verificar se o local apresenta instalações adequadas para a utilização dos equipamentos. Tanto os pontos de elétrica como os de hidráulica devem ser exclusivos para o sistema (que requer alimentação constante devido à alta produtividade) e dimensionados para atender às necessidades dos equipamentos a serem usados.
Se necessário, realiza-se o tratamento prévio de fissuras da base e regularizam- se cavidades acentuadas ( figura 6). Em obras industriais, a etapa de preparo da base deve ser reforçada, assim como o produto que será aplicado, justamente por conta das cargas que serão aplicadas sobre o piso. No uso residencial, por exemplo, dispensa-se a etapa de fresagem do piso.
A base deve estar íntegra, seca, sem sujeira ou material solto e isenta de material contaminante ou oleoso. Nessas condições, a base deve ser preparada com fresamento (figura 7) ou polimento com disco de vídea. A raspagem deve ser feita em sentidos cruzados.
A superfície deve ser varrida com vassoura, a fim de retirar a sujeira grossa da base (figura 8). Em seguida, o pó será aspirado. O não cumprimento desses procedimentos prejudicará a aderência da argamassa na base, prejudicando o desempenho do sistema.
Com a superfície corretamente preparada, raspada, limpa e seca, aplicar a primeira camada de selante, utilizando uma vassoura de pelo limpa para fazer o espalhamento do produto (figura 9). Reaplicar o selante após quatro horas ou se a primeira camada estiver seca ao tato.
Aplicar uma fita de polietileno expandido nos cantos inferiores das paredes e em peças estruturais existentes no local, a fim de absorver qualquer movimentação. Demarcar a base em panos de acordo com a disposição das juntas de dilatação do piso (figuras 10 e 11).
Misturar o produto obedecendo à quantidade de água indicada pelo fabricante, utilizando um misturador mecânico. Para pequenas superfícies, a mistura pode ser feita em balde com haste metálica acoplada a uma furadeira profissional. Para grandes áreas, utilizar um misturador mecânico adequado que garanta a homogeneidade da mistura, atendendo à maior demanda de aplicação.
Para verificar a fluidez da argamassa, deve-se realizar o flow test despejando a massa sobre o gabarito nivelado (figura 12). A argamassa deve atingir o limite da marcação azul.
Aplicar a mistura sobre a camada seladora seca, respeitando a espessura final (figura 13). A aplicação é rápida e o consumo é de aproximadamente 1,7 kg/m²/mm.
Imediatamente após a aplicação, usar um rolo quebra-bolhas ou um rastelo denteado para remover o ar aprisionado (figura 14). Esperar 24 horas, até o endurecimento do piso, retirar as demarcações e recortar as rebarbas da fita de polietileno expandido. Em caso de aplicação de pintura, recomenda-se o lixamento prévio da superfície.
Figura 8 - Limpeza Figura 9 - Selante
Figura 10 - Fita de polietileno expandido Figura 11 - Demarcação das juntas de dilatação
Figura 12 - Flow test Figura 13 - Aplicação
Figura 14 - Acabamento