sábado, 6 de agosto de 2011

Especialista em BIM (Building Information Modeling) explica como o conceito pode revolucionar os processos de orçamentação Por Gisele C. Cichinelli


Eduardo Toledo Santos, professor do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, é coordenador do Grupo BIM e especialista em Tecnologias da Informação aplicadas à Construção Civil.

O que é o BIM (Building Information Modeling)?
BIM é um conceito que fundamentalmente envolve a modelagem das informações do edifício, criando um modelo digital integrado de todas as disciplinas, e que abrange todo o ciclo de vida da edificação. A modelagem 3D paramétrica e a interoperabilidade são características essenciais que dão suporte a esse conceito.

Como ele pode alterar a orçamentação?
O uso do BIM pode proporcionar quantificação automática e precisa e, consequentemente, reduzir a variabilidade na orçamentação e aumentar sua velocidade, permitindo a exploração de mais alternativas de projeto sem sobrecarregar a atividade de orçamentação. Com ferramentas BIM, ao modificar o projeto em 3D, da mesma forma que todos os desenhos de documentação (plantas, cortes e detalhes) são automaticamente atualizados, também os quantitativos são instantaneamente recalculados. Isso permite que a análise de custos se estenda por todas as fases do empreendimento, apoiando o processo de decisão.

Como está a implantação desse conceito?
O BIM, por suas muitas vantagens potenciais, tem atraído cada vez mais a atenção dos profissionais de AEC [arquitetura, engenharia e construção] no mundo todo e também no Brasil. À parte de alguns esforços organizados de associações profissionais, o que se vê são iniciativas individuais de escritórios de projetos, grandes incorporadoras e construtoras no sentido de experimentar essa tecnologia no Brasil, procurando utilizá-la em projetos-piloto. Há registro de vários casos de sucesso, mas o BIM ainda não faz parte da rotina do processo de trabalho das empresas nacionais e da maioria no exterior. No entanto, já está claro que a tendência de adoção dessa tecnologia é irreversível.

Quais são as perspectivas para a implantação do conceito BIM nos orçamentos?
O natural é que os quantitativos sejam extraídos dos modelos produzidos pelos projetistas das várias disciplinas que integram o projeto. Assim, o uso eficiente do BIM na orçamentação depende da ampliação da adoção dessa tecnologia por arquitetos e projetistas, que tem sido paulatina.

Quais as barreiras para a adoção do BIM no Brasil?
Vejo três obstáculos principais no Brasil. O primeiro é a falta de padrões de classificação brasileiros como o OmniClass americano, por exemplo. O IFC (padrão internacional aberto usado nas aplicações BIM) chega até certo nível de detalhe, razoavelmente genérico. Para uma orçamentação detalhada e mais precisa, é necessário que o sistema saiba classificar componentes e materiais na forma de códigos que ainda não existem para a indústria da construção nacional. Um segundo obstáculo é a necessidade de desenvolvimento de processos e padronizações dentro dos empreendimentos que estabeleçam qual o nível de detalhe para a modelagem que deve ser adotado em cada fase do projeto. Como isso envolve diferentes escritórios, empresas e profissionais, tende a ser mais difícil a obtenção de consenso, especialmente na ausência no Brasil de um profissional cada vez mais demandado no exterior, o Gerente BIM (BIM Manager), que seria o responsável por essa coordenação. Por fim, a imaturidade dos padrões para troca de informações nessa área ainda dificulta o intercâmbio de dados entre aplicativos de projeto BIM e software de orçamentação, de forma confiável e completa.

Quais são os softwares que suportam o BIM?
Na parte de projeto, os três principais são o Revit da Autodesk, o ArchiCAD da Graphisoft [distribuído no Brasil pela PINI] e o Bentley Architecture, da Bentley. Especificamente para orçamentação, o Affinity da Trelligence e o DProfiler da Beck têm como diferencial serem voltados às fases de planejamento e projeto preliminar nas quais outros aplicativos têm dificuldade para produzir estimativas. Há ainda o Visual Estimating da Innovaya e o BuildingExplorer, da empresa de mesmo nome, que são focados em oferecer apoio visual ao orçamentista, facilitando a visualização do modelo para extração de quantitativos. Todos esses produtos são estrangeiros e, obviamente, ainda não trabalham diretamente com bases de dados de custo ou composição usados no Brasil, mas podem ser adaptados

Fonte: http://revista.construcaomercado.com.br/guia/habitacao-financiamento-imobiliario/94/entrevista-133084-1.asp

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