segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Cálculo de Materiais

Uma das dúvidas mais freqüentes de nossos leitores é a maneira de calcular as quantidades de materiais necessários para execução de uma parede de alvenaria.
Neste artigo, vamos demonstrar um método de cálculo simples através de um exemplo, que poderá ser adotado para quaisquer tipos de tijolos, blocos, pedras e traços de argamassas de assentamento e revestimento.

Dados da parede
  • Comprimento: 4,00m
  • Altura: 2,50m
  • Tipo de elemento: tijolos cerâmicos maciços, dimensões 22 x 11 x 6cm
  • Espessura das juntas: 1cm
  • Tipo de assentamento: a chato
  • Espessura: 11cm (meio tijolo), sem os revestimentos
  • Argamassa de assentamento: cimento, cal hidratada e areia grossa lavada, traço 1:2:8 em volume
  • Argamassas de revestimento interno:
    1. Chapisco - cimento e areia grossa lavada, traço 1:4 em volume
    2. Emboço - cal hidratada e areia média lavada, traço 1:4 em volume
    3. Reboco - cal hidratada e areia fina lavada, traço 1:4 em volume
  • Argamassas de revestimento externo:
    1. Chapisco - cimento e areia grossa lavada, traço 1:4 em volume
    2. Emboço - cimento, cal hidratada e areia média lavada, traço 1:2:9 em volume
    3. Reboco - cal hidratada e areia fina lavada, traço 1:3 em volume
  • Pesos específicos médios considerados:
    • Cimento portland comum - 1200kg/m3
    • Cal hidratada - 1700kg/m3
    • Areia fina seca - 1400kg/m3
    • Areia média seca - 1500kg/m3
    • Areia grossa seca - 1700kg/m3
Cálculo da quantidade de tijolos
  1. Área da parede: 4,00 x 2,50 = 10,00m2
  2. Área de 1 tijolo, incluindo juntas: 0,23m (23cm) x 0,07m (7cm) = 0,0161m2
  3. Quantidade de tijolos por m2: 1,00m2 ÷ 0,0161m2 = 62 peças
  4. Quantidade de tijolos para 10,00m2: 10 x 62 = 620 peças
Cálculo das quantidades para a argamassa de assentamento
  1. Área de 1 tijolo, excluindo juntas: 0,22m (22cm) x 0,06 (6cm) = 0,0132m2
  2. Área de 62 tijolos: 62 x 0,0132 = 0,8184m2
  3. Área das juntas: 1,00 - 0,8184 = 0,1816m2
  4. Volume de argamassa de assentamento por m2: 0,1816m2 x 0,11m (11cm) = 0,02m3
  5. Volume de argamassa de assentamento para 10,00m2: 10 x 0,02 = 0,2m3
    • Volume de cimento, considerando 1 parte sobre 11 (traço 1:2:8) = 0,2 ÷ 11 = 0,0182m3
      • Peso de cimento, considerando um peso específico de 1200kg/m3 = 0,0182 x 1200 = 21,84kg
    • Volume de cal, considerando 2 partes sobre 11 (traço 1:2:8) = 0,0182 x 2 = 0,0364m3
      • Peso de cal, considerando um peso específico de 1700kg/m3 = 0,0364 x 1700 = 61,88kg
    • Volume de areia, considerando 8 partes sobre 11 (traço 1:2:8) = 0,0182 x 8 = 0,1456m3
      • Peso de areia grossa, considerando um peso específico de 1700kg/m3 = 0,1456 x 1700 = 247,52kg
Cálculo das quantidades para o revestimento interno
  1. Volume de chapisco para 10,00m2, considerando espessura de 5mm: 10m2 x 0,005m (5mm) = 0,05m3
    • Volume de cimento, considerando 1 parte sobre 5 (traço 1:4) = 0,05 ÷ 5 = 0,01m3
      • Peso de cimento, considerando um peso específico de 1200kg/m3 = 0,01 x 1200 = 12,00kg
    • Volume de areia, considerando 4 partes sobre 5 (traço 1:4) = 0,01 x 4 = 0,04m3
      • Peso de areia grossa, considerando um peso específico de 1700kg/m3 = 0,04 x 1700 = 68,00kg
  2. Volume de emboço para 10,00m2, considerando espessura de 20mm: 10m2 x 0,02m (20mm) = 0,2m3
    • Volume de cal, considerando 1 parte sobre 5 (traço 1:4) = 0,2 ÷ 5 = 0,04m3
      • Peso de cal, considerando um peso específico de 1200kg/m3 = 0,04 x 1700 = 68,00kg
    • Volume de areia, considerando 4 partes sobre 5 (traço 1:4) = 0,04 x 4 = 0,16m3
      • Peso de areia média, considerando um peso específico de 1500kg/m3 = 0,16 x 1500 = 240,00kg
  3. Volume de reboco para 10,00m2, considerando espessura de 5mm: 10m2 x 0,005m (5mm) = 0,05m3
    • Volume de cal, considerando 1 parte sobre 5 (traço 1:4) = 0,05 ÷ 5 = 0,01m3
      • Peso de cal, considerando um peso específico de 1200kg/m3 = 0,01 x 1700 = 17,00kg
    • Volume de areia, considerando 4 partes sobre 5 (traço 1:4) = 0,01 x 4 = 0,04m3
      • Peso de areia fina, considerando um peso específico de 1400kg/m3 = 0,04 x 1400 = 56,00kg
Cálculo das quantidades para o revestimento externo
  1. Volume de chapisco para 10,00m2, considerando espessura de 5mm: 10m2 x 0,005m (5mm) = 0,05m3
    • Volume de cimento, considerando 1 parte sobre 5 (traço 1:4) = 0,05 ÷ 5 = 0,01m3
      • Peso de cimento, considerando um peso específico de 1200kg/m3 = 0,01 x 1200 = 12,00kg
    • Volume de areia, considerando 4 partes sobre 5 (traço 1:4) = 0,01 x 4 = 0,04m3
      • Peso de areia grossa, considerando um peso específico de 1700kg/m3 = 0,04 x 1700 = 68,00kg
  2. Volume de emboço para 10,00m2, considerando espessura de 20mm: 10m2 x 0,02m (20mm) = 0,2m3
    • Volume de cimento, considerando 1 parte sobre 12 (traço 1:2:9) = 0,2 ÷ 12 = 0,0166m3
      • Peso de cimento, considerando um peso específico de 1200kg/m3 = 0,0166 x 1200 = 20,00kg
    • Volume de cal, considerando 2 partes sobre 12 (traço 1:2:9) = 0,0166 x 2 = 0,0333m3
      • Peso de cal, considerando um peso específico de 1200kg/m3 = 0,0333 x 1700 = 56,66kg
    • Volume de areia, considerando 9 partes sobre 12 (traço 1:2:9) = 0,0166 x 9 = 0,1494m3
      • Peso de areia média, considerando um peso específico de 1500kg/m3 = 0,1494 x 1500 = 224,10kg
  3. Volume de reboco para 10,00m2, considerando espessura de 5mm: 10m2 x 0,005m (5mm) = 0,05m3
    • Volume de cal, considerando 1 parte sobre 4 (traço 1:3) = 0,05 ÷ 4 = 0,0125m3
      • Peso de cal, considerando um peso específico de 1200kg/m3 = 0,0125 x 1700 = 21,25kg
    • Volume de areia, considerando 3 partes sobre 4 (traço 1:3) = 0,0125 x 3 = 0,0375m3
      • Peso de areia fina, considerando um peso específico de 1400kg/m3 = 0,0375 x 1400 = 52,50kg
Importante:
  • Cimento e areia medidos secos e soltos. Cal hidratada medida em estado pastoso firme.
  • Para cada m3 de argamassa, são consumidos de 350 a 370 litros de água limpa.
  • Considerar um acréscimo de 5% nas quantidades dos materiais a título de taxa de quebra.
  • No caso de tijolos furados, considerar um acréscimo de 5% nas quantidades dos materiais para argamassa de assentamento.
  • Os pesos específicos considerados para os diferentes materiais são médias estimadas.
  • Existem diferentes tipos de aditivos químicos que podem ser utilizados nas argamassas, entre eles: impermeabilizantes, adesivos, aceleradores de pega, retardadores de pega, plastificantes, controladores de fissuração, etc. Recomendamos que se consulte o fabricante dos aditivos para definição dos traços das argamassas a serem aditivadas e a especificação e proporção do aditivo a ser utilizado.

sábado, 6 de agosto de 2011

Especialista em BIM (Building Information Modeling) explica como o conceito pode revolucionar os processos de orçamentação Por Gisele C. Cichinelli


Eduardo Toledo Santos, professor do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, é coordenador do Grupo BIM e especialista em Tecnologias da Informação aplicadas à Construção Civil.

O que é o BIM (Building Information Modeling)?
BIM é um conceito que fundamentalmente envolve a modelagem das informações do edifício, criando um modelo digital integrado de todas as disciplinas, e que abrange todo o ciclo de vida da edificação. A modelagem 3D paramétrica e a interoperabilidade são características essenciais que dão suporte a esse conceito.

Como ele pode alterar a orçamentação?
O uso do BIM pode proporcionar quantificação automática e precisa e, consequentemente, reduzir a variabilidade na orçamentação e aumentar sua velocidade, permitindo a exploração de mais alternativas de projeto sem sobrecarregar a atividade de orçamentação. Com ferramentas BIM, ao modificar o projeto em 3D, da mesma forma que todos os desenhos de documentação (plantas, cortes e detalhes) são automaticamente atualizados, também os quantitativos são instantaneamente recalculados. Isso permite que a análise de custos se estenda por todas as fases do empreendimento, apoiando o processo de decisão.

Como está a implantação desse conceito?
O BIM, por suas muitas vantagens potenciais, tem atraído cada vez mais a atenção dos profissionais de AEC [arquitetura, engenharia e construção] no mundo todo e também no Brasil. À parte de alguns esforços organizados de associações profissionais, o que se vê são iniciativas individuais de escritórios de projetos, grandes incorporadoras e construtoras no sentido de experimentar essa tecnologia no Brasil, procurando utilizá-la em projetos-piloto. Há registro de vários casos de sucesso, mas o BIM ainda não faz parte da rotina do processo de trabalho das empresas nacionais e da maioria no exterior. No entanto, já está claro que a tendência de adoção dessa tecnologia é irreversível.

Quais são as perspectivas para a implantação do conceito BIM nos orçamentos?
O natural é que os quantitativos sejam extraídos dos modelos produzidos pelos projetistas das várias disciplinas que integram o projeto. Assim, o uso eficiente do BIM na orçamentação depende da ampliação da adoção dessa tecnologia por arquitetos e projetistas, que tem sido paulatina.

Quais as barreiras para a adoção do BIM no Brasil?
Vejo três obstáculos principais no Brasil. O primeiro é a falta de padrões de classificação brasileiros como o OmniClass americano, por exemplo. O IFC (padrão internacional aberto usado nas aplicações BIM) chega até certo nível de detalhe, razoavelmente genérico. Para uma orçamentação detalhada e mais precisa, é necessário que o sistema saiba classificar componentes e materiais na forma de códigos que ainda não existem para a indústria da construção nacional. Um segundo obstáculo é a necessidade de desenvolvimento de processos e padronizações dentro dos empreendimentos que estabeleçam qual o nível de detalhe para a modelagem que deve ser adotado em cada fase do projeto. Como isso envolve diferentes escritórios, empresas e profissionais, tende a ser mais difícil a obtenção de consenso, especialmente na ausência no Brasil de um profissional cada vez mais demandado no exterior, o Gerente BIM (BIM Manager), que seria o responsável por essa coordenação. Por fim, a imaturidade dos padrões para troca de informações nessa área ainda dificulta o intercâmbio de dados entre aplicativos de projeto BIM e software de orçamentação, de forma confiável e completa.

Quais são os softwares que suportam o BIM?
Na parte de projeto, os três principais são o Revit da Autodesk, o ArchiCAD da Graphisoft [distribuído no Brasil pela PINI] e o Bentley Architecture, da Bentley. Especificamente para orçamentação, o Affinity da Trelligence e o DProfiler da Beck têm como diferencial serem voltados às fases de planejamento e projeto preliminar nas quais outros aplicativos têm dificuldade para produzir estimativas. Há ainda o Visual Estimating da Innovaya e o BuildingExplorer, da empresa de mesmo nome, que são focados em oferecer apoio visual ao orçamentista, facilitando a visualização do modelo para extração de quantitativos. Todos esses produtos são estrangeiros e, obviamente, ainda não trabalham diretamente com bases de dados de custo ou composição usados no Brasil, mas podem ser adaptados

Fonte: http://revista.construcaomercado.com.br/guia/habitacao-financiamento-imobiliario/94/entrevista-133084-1.asp